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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Veja: dois pesos duas medidas

As vezes , a culpa  é da chuva.



Adoro como a Veja é neutra e imparcial! Na capa de fevereiro, a manchete foi “Por que chove tanto”, e já vinha com resposta: “Uma rara combinação de fatores atmosféricos é a causa do dilúvio que há mais de 40 dias castiga o Sul e o Sudeste do Brasil”.

Na capa de abril a coisa muda um pouquinho de figura: não precisamos nem de manchete, já que temos a foto do Cristo Redentor chorando. E o editorial: “Culpar as chuvas é demagogia. Os mortos do Rio de Janeiro que o Brasil chora foram vítimas da política criminosa de dar barracos em troca de votos”.


Quando SP estava debaixo d'água (e tem gente que diz que os bairros periféricos foram mais uma vez os mais afetados porque o governo paulista fechou as comportas para poupar as Marginais), a explicação era meramente meteorológica. Chove forte e o Sul e o Sudeste — nada de ênfase para o estado de São Paulo, que foi quem sofreu mais — é castigado. A culpa é de São Pedro. Culpados pelos dilúvios, em SP, só quando a prefeita era a Marta. Na capa, no cantinho à esquerda, o lembrete aos leitores: “São Paulo sob as chuvas mais fortes dos últimos 63 anos”. A causa do dilúvio não tem como ser a má administração pública, pois o estado é governado pelo mesmo partido há dezesseis anos.
 E a Veja gosta muito desse partido. Tanto que, quando houve a cratera do metrô (algo que seria tratado como escândalo se tivesse acontecido em outro lugar e fosse responsabilidade de outro partido), a capa da revista foi dedicada a nossos bichinhos de estimação, os cães (o título, "Uma história de amor", bem que podia ser referência ao caso amoroso entre um veículo de comunicação e um certo partido). E quando caiu parte do Rodoanel? Não lembro, mas algo me diz que deve ter sido sobre gatinhos ou sobre a última dieta da moda.

No Rio os governantes não são muito bem vistos pela Veja. Inclusive, um dos problemas do Serra (candidato que a revista obviamente apoia, mas não admite isso num editorial, como deveria fazer se quisesse ser minimamente transparente) é que ele terá dificuldade para arranjar palanque no Rio. Até agora, só surgiu o Gabeira (PV), que sairá candidato por uma ampla coligação que inclui PSDB e DEM (uma aliança que deve se repetir em âmbito nacional no segundo turno, quando Marina apoiar Serra).
 Logo, a revista não tem dúvida que os atuais governantes de lá adotam “políticas criminosas”. E repare no elitismo, no ódio de classe: os políticos cariocas dão “barracos em troca de votos”. Barracos! Coisa de pobre, argh!

E já que estamos falando nesse assunto desagradável que são os pobres, você deve ter visto a animação da Eliane Catanhade, da Folha, narrando a convenção do PSDB. Lá pelas tantas, na tentativa de fazer do PSDB algo que ele definitivamente não é — um partido do povo —,
Eliane cita um assessor anônimo que disse que, desse jeito, a julgar pela convenção, o PSDB até parecia um partido da massa. “Mas de massas cheirosas”, reiterou o sujeito citado por Eliane. Porque as massas em geral não cheiram muito bem, sabe? Nem debaixo d'água.

Pra quem não estava vivo na época, uma das frases que imortalizou o nosso nada saudoso ditador Figueiredo foi quando ele afirmou que preferia o cheiro de cavalos ao cheiro do povo. Pra uma certa elite, as massas fedem.Pro Globo, outro monopólio da mídia que apoia Serra, quem fede é a Dilma, como o jornal fez questão de estampar numa foto.

No entanto, quando eu (e um monte de outras pessoas) digo que a nossa mídia não tem nada de imparcial, aparece uma multidão pra afirmar que não, imagina, parcial sou eu. Ué, lógico que sou parcial! A diferença é que não finjo ser neutra.

Sinceramente? Eu quero mais é que a Veja se afogue.
 
Por Lola,
Obrigada lola, obrigada

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