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terça-feira, 17 de novembro de 2009

SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Besouro, um herói brasileiro

                                        

                         BESOURO - O filme mostra a cultura negra com respeito e reverência


Besouro não é um filme para se ver como outros. O longa metragem de João Daniel Tikhomiroff nem precisava contar com sua bela direção de arte e com a atuação cheia de brilho de jovens atores – como Jéssica Barbosa – para se tornar memorável. Deixarei a análise do filme para a crítica especializada. O filme é um marco – símbolo de um país que começa a reencontrar-se com sua história. É isto o que faz de “Besouro” um dos mais importantes produtos da indústria cinematográfica brasileira nos últimos tempos.

O filme baseado no livro Feijoada no Paraíso, de Marco Carvalho, contou com um orçamento nada modesto para os padrões brasileiros. E, desta forma, pôde lançar mão de recursos dignos de uma grande produção. O chinês Huen Chiu Ku – que trabalhou em filmes como Matrix, O Tigre e o Dragão e Kill Bill – foi o responsável pela coreografia das lutas registradas no filme. O herói negro salta, voa e é forte como qualquer herói de Hollywood.

Assistindo “Besouro”, lembrei-me de minha infância e meus heróis. Em geral, americanos, europeus, alguns japoneses, mas, certamente, nenhum negro. Que bom teria sido ter um herói negro naqueles dias! Besouro é o herói negro que – espero – as gerações futuras celebrarão em suas brincadeiras.

O filme mostra a cultura negra e, em especial, a religiosidade afro-brasileira sem preconceitos, com respeito e reverência. No filme, os orixás são belos e nada tem a ver com os estereótipos preconceituosos que marcaram boa parte das abordagens realizadas até aqui pela cinematografia.

Uma “chula” (nome como é conhecido um dos tipos de cantos de capoeira), bastante popular nas rodas de capoeira, diz que “capoeira mata um”. E a capoeira acaba de matar mais um: desta vez, o preconceito na produção cinematográfica nacional. Já estávamos saturados de ver negro nas películas do cinema nacional segurando armas e morrendo como párias.

Aliás, uma pena que, no lugar de Besouro, tenham escolhido a enfadonha epopéia sanguinária de “Salve Geral”para representar o Brasil no Oscar.

Mas, que bom que, finalmente, o negro brasileiro chega às telas de cinema como herói, e não como bandido, vilão ou jogador de futebol. A semana da consciência negra, aliás, é uma excelente oportunidade para correr até a sala de cinema mais próxima e conferir o feito.

Para quem sonha com uma sociedade livre de todos os preconceitos e todas as formas de opressão, devo advertir: “Besouro” não é um filme para se assistir, “Besouro” é um filme para se comemorar.

por Vinicius Wu.

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